Redação
A ARTE PELA ARTE
O que é arte? Para que serve arte? Qual a função social da arte, se é que ela tem alguma? Como distinguir o que é belo para cada pessoa? Essas e muitas outras questões povoam a cabeça de professores, artistas e críticos pelo mundo. Uma reflexão séria sobre o assunto é cada vez mais escassa nos meios de comunicação. Aliás, os textos que versam sobre alguma obra artística, hoje em dia, não passam de releases pré-moldados, nada mais tem que ver com uma crítica, uma apreciação de valor.
A verdade é que a arte, seja ela qual linguagem for, é para poucos. Mas também ela tem, e deve, sobreviver. E isso ela só consegue através da comercialização dos seus produtos, assim como todos os outros no sistema capitalista. Como fazer um bom livro, peça, filme, e ao mesmo tempo ser vendável? Como conciliar os dois, muitas vezes postos em extremos? É claro que o ideal seria que todas as obras de arte fossem de alta qualidade e ao mesmo tempo consumidas pelas massas.
No entanto, isso não acontece. Um músico como Caetano Veloso, tido como bom, não passa de 200 mil cd’s vendidos a cada lançamento. Já músicos como Amado Batista, tido como brega, batem recorde de milhões de cd’s vendidos. Por que será? A população tem gosto chulo? O popular também é arte? Ou a arte que está vivendo em guetos, elitizada?
Pode-se ampliar a reflexão para o cinema: o brasileiro e o hollywoodiano, para ficar só nesses dois. Aqui no Brasil a média de criação de filmes não deve passar de vinte, trinta, longas-metragens por ano. Mas dessa quantidade, é possível extrair uns dez que sejam de bons a excelentes. Em Hollywood a média de filmes passa de 600 longas por ano, de orçamentos milionários, tirando 15, 20, que prestam. A média daqui é muito melhor, muito superior. Porém, não é vista, não é cultuada. Assistimos a todas as quinquilharias feitas nos EUA, as mídias televisivas nos impõem goela abaixo, no mais das vezes.
Até meados do século XX, tínhamos três grandes escritores cultuados no mundo: Jorge Amado (o mais lido), Guimarães Rosa (para muitos, merecedor do Prêmio Nobel de Literatura) e Clarice Lispector. Um trio de respeito de artistas literários que nos representava com orgulho e galhardia. Hoje, vemos a ascensão de Paulo Coelho como representante da nossa escrita planeta afora. A classe média européia se rendeu ao mago, ao exótico dos trópicos. E ele escreve literatura? Escreve bem? Começa por aí... E termina em altas vendagens como paradoxo!
Sem falar em escultura, dança, fotografia, artes plásticas...
Enfim, enquanto alguns tentam mostrar para os incautos de que há salvação, como apregoava alguns estetas, como Sartre e Schopenhauer, através da arte, da velha e boa arte, criando catarse e sublimando a existência, seguimos na nossa pacata província, nesse pedacinho de chão do sul da Bahia, acreditando que um dia a arte não será elaborada apenas pela arte, e sim para a consumação de saberes e sabores, como diz o poeta Jorge Araújo.
Gustavo Atallah Haun - Professor.
loading...
-
As Conferências Democráticas Do Casino Lisbonense
Na imagem: As respigadeiras, de Jean-François Millet, 1857, óleo sobre tela.Enquanto o perfil da produção europeia se transformava com a industrialização, Portugal permanecia um país agrário e, consequentemente, pobre. As conferências democráticas...
-
Bitch, De Carol Teixeira
Um livro sedutor da colunista da revista Vip Carol Teixeira Bitch narra as histórias de Princess, uma artista plástica de 26 anos que se relaciona com o mundo através da exploração do prazer – intrinsecamente artístico e sexual – e C., uma...
-
Conheça Cidade Em Chamas!
"Cidade em chamas" desenha a Nova York dos anos 70 em uma das maiores estreias literárias atuais! Nova York, 1976. O sonho hippie acabou, e dos escombros surge uma nova cultura urbana. Saem as mensagens de paz e amor e as camisetas tingidas, entram...
-
Tudo O Que Precisamos Saber, Mas Nunca Aprendemos, Sobre Mitologia
Um livro para aprendizes de mitologia, entusiastas do assunto ou qualquer pessoa que goste de uma boa narrativa De onde viemos? Por que as estrelas brilham e as estações do ano mudam? O que é o mal? Desde o princípio dos tempos, a humanidade vem...
-
Modernismo (1ª Fase)
A primeira fase do Modernismo no Brasil estende-se de 1922 a 1930 - fim da República Velha -, época em que as oligarquias ligadas aos grandes proprietários rurais detinham o poder político. Economicamente, o mundo encaminhava-se para um colapso,...
Redação