Redação
As Mulheres fortes no cinema
Como diria Tyler Durden de Clube da Luta “somos uma geração de homens criados por uma geração de mulheres” e é partindo desse pressuposto que listo abaixo cinco filmes que contam histórias de personagens reais e fortes, interpretadas por atrizes igualmente fortes, que mostraram na tela a força do dito “sexo frágil”:
1. Erin Brockovich – Uma Mulher de Talento (Erin Brokovich)
EUA, 2000. Direção: Steven Soderbergh.
O primeiro filme da lista aborda a história de Erin Brokovich (interpretada pela ótima Julia Roberts), mãe solteira de três crianças, que tentando superar o desemprego, consegue uma vaga em um escritório de advocacia e lá, descobre uma fraude em um processo civil contra uma companhia elétrica e parte em busca de justiça para os populares.
O filme é ótimo por mostrar as dificuldades pelas quais uma mãe solteira passa. Desde arrumar emprego mesmo sem estudo até conseguir conciliar a vida profissional com a vida afetiva e papel de mãe. Além de valer a pena pelas atuações (Julia ganhou um Oscar pela atuação no filme) e pela direção, Erin Brokovich também se faz valer pelo roteiro, baseado em fatos reais.
2. Um Sonho Possível (The Blind Side)
EUA, 2010. Direção: John Lee Hancock.
O filme, na verdade, conta a história real de Michael Oher, jovem negro da periferia, filho de mãe dependente química, que após muita luta, se tornou um dos maiores astros do futebol americano. Mas se não se engane, pois é Leigh Anne Tuohy (Sandra Bullock) quem rouba a cena no filme.
A personagem de Bullock é designer e casada com o dono de uma das maiores franquias de fast food dos Estados Unidos, o que torna sua família uma das mais ricas. Um dia, quando voltava para casa após buscar o filho na escola, ela encontra Michael perdido, com frio, fome e sem lugar pra dormir. Na mesma hora, ela o convida a ir pra casa com ela. A partir de então, desenvolve-se uma relação de mãe e filho entre os dois.
Nesse momento vemos o maior exemplo de matriarcado. É Leigh quem vai atrás da história de Michael, quem o ajuda a conseguir a bolsa de estudos pra Universidade e o defende perante os preconceitos de professores, colegas de classe e membros
da alta sociedade. Sem contar o debate que o filme promove acerca das desigualdades sociais e distribuição de oportunidades.
Em uma das cenas, o marido de Leigh diz “conheço essa cara. Vai ser do jeito dela.”. Ponto pras mulheres.
3. A Troca (changeling)
EUA, 2009. Direção: Clint Eastwood.
Esse filme é pesado. Trata de assassinatos de crianças, estupro, histeria, manicômios e baseia-se no caso que ficou conhecido no país como “Wineville Chicken Coop Murders”. Tudo isso em plena Los Angeles de 1928. E o que o traz a nossa lista? Eu lhe digo: Christine Collins (Angelina Jolie).
O filme conta a história de Christine, mãe solteira que vai trabalhar e quando volta, descobre que seu filho sumiu. Após uma busca ensandecida, a polícia lhe entrega um garoto, dizendo ser seu filho. Christine nega que aquela criança seja dela e acusa a polícia de negligência na investigação. Desse ponto em diante o filme é brilhante em retratar a mulher na sociedade dos anos 20, porque a personagem de Jolie começa a sofrer todo tipo de perseguição.
A mídia a acusa de negligência familiar e colocam a população contra ela. A polícia, com medo de parecer amadora por não conseguir localizar a verdadeira criança, falsifica exames médicos e alegam que Christine sofre de loucura e histeria causadas pelo estresse do sumiço de seu filho e a mandam para um manicômio. Lá ela encontra outras mulheres inocentes, dentre elas prostitutas, vítimas de estupro e aborto, que também foram perseguidas.
Enquanto tudo isso acontece, Christine começa sua própria investigação, em busca do filho desaparecido. Mesmo sofrendo diversos abusos, seu instinto de mãe permanece firme e forte.
4. O Diabo Veste Prada (The Devil Wears Prada)
EUA, 2006. Direção: David Frankel.
The fashion film. Toda mulher que já assistiu a esse filme se identificou com pelo menos um aspecto dele. Digo isso porque o filme abrange todas as dificuldades que a mulher moderna tem de superar. Colocação no mercado de trabalho, ditadura da beleza, consumo exagerado, preconceito no ambiente de trabalho e anulação da vida afetiva.
Na história, vemos Andrea Sachs (Anne Hathaway) percorrendo Nova York atrás de emprego como jornalista e obtendo fracasso em sua busca. Até que ela, surpreendentemente, consegue passar na entrevista para a vaga de secretária de Miranda Priestly (Meryl Streep, segurem suas emoções) executiva e chefe-mor da maior revista de moda de Nova York. Logo Andrea descobre que aquele emprego irá mudar sua vida de diferentes formas.
Eu poderia focar em uma só personagem, como fiz em outros filmes da lista. Mas não posso. Nesse filme não temos UMA personagem forte, mas VÁRIAS personagens fortes. Desde Andrea, lutando por um emprego, passando por Emily que sofre para se enquadrar no senso estético da moda, até Miranda que, apesar de excelente profissional, é mãe e esposa ausente.
Mas não se enganem. É uma comédia divertidíssima, com ótimo roteiro, que vale ser assistida por dois grandes motivos: Meryl Streep e figurino espetacular.
5. Preciosa – Uma História de Esperança (Precious: Based on the Novel “Push” by Sapphire)
EUA, 2009. Direção: Lee Daniels.
O último filme da lista é, em minha opinião, o mais real e tangível dentre todos já citados. Isso porque ele não é baseado em uma história real, mas sim em várias histórias reais. O roteiro é da poetisa e artista plástica Sapphire, que após anos trabalhando em áreas carentes, reuniu todos os relatos que ouviu em um livro, que deu origem ao filme.
A história é ambientada no fim dos anos 80, em Nova York, precisamente no bairro do Harlem, um dos mais pobres. A protagonista, Claireece Precious (daí o nome do livro/filme) sofre todas as adversidades possíveis que uma adolescente negra, obesa, pobre e analfabeta é vítima. Com 16 anos de idade, Precious é estuprada pelo pai, maltratada pela mãe, zombada na escola, negligenciada por professores e assistentes sociais.
Precious tem um filho, fruto das violações de seu pai. Ela apelida seu filho de “Mongo”, pois a criança é portadora de Síndrome de Down. Após engravidar pela segunda vez e descobrir que é portadora do vírus HIV, é suspensa da escola e encaminhada a uma instituição alternativa. Lá ela conhece outras adolescentes vitimas de violência: lésbicas expulsas de casa, imigrantes ilegais, garotas viciadas em drogas e outras tantas.
Ao conhecer a professora Ms. Rains, Precious não só aprende a ler e a se socializar, como também encontra uma forma de canalizar seu amor para seus filhos
rejeitados, reconstrói sua auto-estima destruída pela sociedade e passa a entender melhor o motivo da violência de sua mãe.
É um filme triste de final quase feliz. É uma história que se repete todos os dias em frente aos nossos olhos, uma realidade de muitas garotas. É um filme denúncia.
E uma curiosidade pra fechar: a atriz que interpreta Precious se chama Gabourey Sidibe. Ela sempre sonhou em ser atriz, mas nunca teve coragem de tentar um papel, por causa de sua aparência. O primeiro teste que fez foi pra esse filme. E passou de primeira. Foi indicada ao Oscar por sua atuação.
Essa é minha homenagem as mulheres, neste mês de março. Mês de luta pelo respeito e direito da mulher. Lembrar de mulheres anônimas que se tornaram célebres por manter suas posições e lutar pelo que acreditavam ser o certo e por isso, sofreram algum tipo de retaliação da sociedade, mídia ou de familiares e amigos.
Agora deixo a pergunta: quem são as mulheres fortes na sua vida?
SOBRE A AUTORA: Ingrid Barbosa | CINEMA
Puro sangue de sagitário. 18 com alma de 60. Nunca recuso um temaki.
Para mais informações, me procure no Google.
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