As diferentes esferas do setor público oferecem
condições atraentes para profissionais que sonham em atuar nesse segmento do
mercado e também para aqueles que procuram boas oportunidades de trabalho em
geral. Entre os atrativos, destacam-se salários (em média mais altos do que os
pagos no setor privado), planos de carreira definidos e, é claro, estabilidade.
Em alguns casos, é relativamente fácil saber a que lugar da administração
pública o candidato é mais adequado. É o caso dos formados em direito, cuja graduação
é exigência para o preenchimento de vagas de juízes e procuradores, por
exemplo.
Optar pela carreira de servidor e decidir em qual segmento dela atuar,
contudo, nem sempre é tarefa fácil. As vagas oferecidas pelos diferentes órgãos
públicas são taxativas quanto ao grau de escolaridade dos candidatos. Por
exemplo: o candidato deve ter ensino médio completo em determinado concurso; em
outro, superior. Porém, em muitos casos, essa é a única exigência, ou seja,
podem se apresentar para o posto profissionais com formação diversa.
Este é apenas um item que o aspirante a servidor deve levar em conta.
Para dedicar-se à missão de ser aprovado em um concurso – tarefa que, em média,
consome ao menos um ano de estudos –, ele precisa analisar sua
disponibilidade para a preparação e sua vocação profissional. VEJA.com ouviu
especialistas para orientar aspirantes na tarefa: os estudiosos apresentam
questões cruciais que devem ser consideradas pelo candidato.
O primeiro passo, dizem os especialistas, é determinar para qual área o
candidato vai dirigir suas energias. Estudar sem um foco claro é um erro comum
e determinante para o fracasso.
Foram ouvidos Evandro Guedes, diretor administrativo do curso
preparatório AlfaCon, e José Luis Romero Baubeta, diretor de recursos humanos
do curso preparatório Central de Concursos.
Passo a passo para a escolha de um concurso público
Qual é seu perfil profissional?
Antes de escolher em qual concurso público mirar, é preciso refletir se
as atividades do funcionalismo público vão ao encontro de suas expectativas.
Não há dúvidas de que o serviço público oferece inúmeras vantagens. A
primeira delas são os salários. Em média, um servidor recebe 93% a mais que um
funcionário da iniciativa privada. Outro ponto positivo é a estabilidade –
demissões são casos raros e os servidores não estão à mercê de crises
econômicas nem flutuações no mercado de trabalho. Por fim, o setor público
oferece mais qualidade de vida a seus empregados, com jornadas de trabalho
definidas e menos horas-extras.
Apesar do quadro animador, existem ressalvas: o setor público é pouco
dinâmico e bastante burocrático. Profissionais com perfil empreendedor e que
gostam de se deparar a todo momento com novos desafios no ambiente de trabalho
poderão se frustrar, assim como aqueles que buscam uma rápida ascensão
profissional. Além disso, uma boa colocação no funcionalismo, que pode trazer
remuneração acima de 10.000 reais, exige anos de preparação. É preciso ser
paciente e determinado nos estudos. E, acima de tudo, se perguntar: você tem
disposição para tanta dedicação?
O que diz o especialista:
“É preciso haver identificação com a carreira pública. Se um candidato
não gosta de armas, ele não pode se preparar para um concurso da Polícia
Rodoviária Federal apenas porque o salário é atraente. Profissionais muito
empreendedores também precisam refletir sobre a opção de migrar para o setor
público, que é mais 'engessado' e burocrático.”
Evandro Guedes, diretor administrativo do curso preparatório AlfaCon
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Qual é sua disponibilidade para os estudos?
A aprovação em um bom concurso público
pode exigir anos de estudos. É preciso estar financeira e psicologicamente
preparado para dedicar-se aos livros. Para quem deseja aprovação imediata ou
precisa de uma remuneração fixa para seguir estudando, os especialistas
aconselham: comece com provas para cargos mais baixos, que são feitas com
frequência, oferecem muitas vagas e são menos concorridas. É o caso de
concursos para a área bancária. Uma vez aprovado, o candidato pode obter
remuneração em torno dos 3.000 reais e seguir se preparando para provas mais
concorridas e salários mais atraentes em outros órgãos.
Quem está empregado na iniciativa
privada e não quer ou não pode abdicar do trabalho para dedicar-se às
apostilas, deve conciliar as atividades. Mas é preciso muita disciplina e força
de vontade. Aprovação em concurso público não é um plano de curto prazo. É
preciso bastante preparação. O candidato deve se questionar se está disposto
aos sacrifícios necessários.”
José Luis Romero Baubeta,
diretor de recursos humanos do curso preparatório Central de Concursos
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Qual é o seu grau de escolaridade?
Em
geral, os concursos são divididos em duas categorias, conforme o grau de
exigência em relação à formação acadêmica dos candidatos: os de nível médio e
os de nível superior. Na primeira modalidade, os salários podem chegar a 7.000
reais. Na segunda, o teto salarial é de cerca de 28.000 reais.
Esse
é o grande divisor de águas na área de concurso público. E determina: quem quer
vencimentos mais altos, precisa estudar mais.
O que diz o especialista:
"Em
todas as esferas e áreas existem oportunidades para servidores de níveis médio
e superior. O diferencial é o salário e o grau de dificuldade. Muitos
estudantes que ainda estão cursando a universidade recorrem aos cargos de nível
médio para custear sua formação. Assim que finalizam a graduação, passam a almejar
postos mais altos, que exigem diploma."
Evandro Guedes, diretor administrativo do curso preparatório AlfaCon
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Em qual esfera você deseja atuar?
As
três esferas do poder – municipal, estadual e federal – realizam concursos
públicos para preencher seu quadro de funcionários. Em geral, as vagas
municipais oferecem salários bem menos atraentes do que as demais. Já as vagas
federais são as mais cobiçadas, por oferecerem remuneração mais alta
e benefícios diferenciados, como aposentadoria integral.
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Quais são as grandes áreas de atuação
do servidor?
Os concursos públicos podem ser
divididos em seis grandes áreas, sendo que em todas elas há lugar para
profissionais com formação de nível médio e superior. É hora de analisar as
atribuições de cada uma e eleger aquela com a qual você tem mais afinidade. Nessa
etapa, o candidato pode visitar repartições públicas e conversar com pessoas
que já foram aprovadas para as funções que despertem seu interesse. Conheça as
áreas:
Bancária
Ex.:
Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal
Policial
Ex.:
Guarda Metropolitana, Polícia Civil, Polícia Militar, Polícia Federal, Polícia
Rodoviária Federal
Fiscal
Ex.:
Receita Federal, secretarias estaduais de Fazenda
Administrativa
Ex.:
Agências reguladoras (Anvisa, Anac), ministérios, Ibama, INSS, Correios,
Petrobras
Tribunais
Ex.:
Tribunais federais, tribunais regionais, Defensoria Pública
Especiais
Ex.:
Instituto Rio Branco
O
que dizem os especialistas:
“As
áreas são bastante distintas. Quem se dedica a conquistar uma vaga na Polícia
Federal dificilmente conseguirá aprovação em um concurso da Receita Federal.
Por isso, estabelecer um foco de estudo é fundamental. É impossível estudar
para todas as áreas ao mesmo tempo.”
Evandro
Guedes, diretor administrativo do curso preparatório AlfaCon
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Quando
é preciso ter formação superior específica?
Com
exceção de determinadas vagas na área policial e de tribunais, a esmagadora
maioria das vagas de nível superior não exigem formação específica. Qualquer
pessoa com diploma universitário está apta a entrar na disputa. Apenas
candidatos a postos na área policial terão de enfrentar testes físicos. Em
alguns casos particulares, órgãos municipais, estaduais e federais realizam
concursos para profissionais específicos, como engenheiros ou enfermeiros.
Nesses casos, as vagas são bastante limitadas.
O que diz o especialista:
"Não
existe uma norma dizendo que apenas contadores ou economistas podem ser
auditores da Receita Federal, por exemplo. É claro que quem adiquiriu
conhecimentos de matemática financeira na universidade terá mais facilidade em
se preparar para a prova. Isso não quer dizer, porém, que outros profissionais
estejam mais distantes da aprovação."
José
Luis Romero Baubeta, diretor de recursos humanos do curso preparatório Central
de Concursos
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É preciso mudar de cidade para disputar
boas vagas?
Grandes
órgãos federais, como o Banco Central, por exemplo, possuem repartições apenas
em capitais. Na área jurídica, boas oportunidades podem surgir em tribunais
regionais longe da cidade natal do candidato. Por isso, o concurseiro
interessado nas melhores vagas deve estar disposto a se mudar, principalmente
aqueles que almejam postos federais e estaduais. Quem reside em cidades do
interior e não deseja se restringir a concursos municipais dificilmente
encontrará boas oportunidades se não estiver disposto a fazer as malas.
O que diz o especialista:
“Esse
é um ponto importante, que precisa ser levado em conta. Se o candidato tem
receio de mudar de cidade, precisa escolher concursos que permitam que ele
fique em seu município. Já quem está disposto a se mudar deve colocar na ponta
do lápis o custo de vida em outras localidades. A mudança pode não valer a pena
financeiramente.”
José Luis Romero Baubeta, diretor de recursos humanos do curso
preparatório Central de Concursos
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É preciso estudar por quanto tempo?
Essa
não é uma conta fácil de fazer. O tempo médio de estudo pode variar – e
bastante. Geralmente, quanto maior a remuneração, mais difícil é o exame. Para
cargos de nível médio e alguns de nível superior, a média de preparação é de
seis meses a um ano. Para os salários mais altos, pode ser necessário enfrentar
de quatro a cinco anos de muita dedicação. É importante lembrar também que os
concursos não são realizados regularmente. Alguns editais levam anos para ser
aprovados – o que pode retardar ainda mais a aprovação.
O que diz o especialista:
"Aprovação
em concurso público exige persistência. É preciso insistir para chegar ao
objetivo. Por isso, dedicar-se a conquistar uma vaga requer uma conversa franca
com a família e com os amigos mais próximos para que todos estejam cientes dos
sacrifícios que terão de ser feitos."
Evandro Guedes, diretor administrativo do curso preparatório AlfaCon
GOULART,
Nathalia. Concursos: como encontrar seu lugar no setor público. Veja. Acesso em: 23/01/2013. Disponível
em: http://veja.abril.com.br/noticia/educacao/concursos-como-encontrar-seu-lugar-no-setor-publico.
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