TEMA OBJETIVO:
A QUALIDADE DE VIDA NA CIDADE E NO CAMPO
É de conhecimento geral, embora refutada por alguns urbanoides, que a qualidade de vida nas regiões rurais é, em muitos aspectos, superior à da zona urbana. Isso se deve porque no campo inexiste a agitação das grandes metrópoles, há maiores possibilidades de se obterem alimentos adequados e, além do mais, as pessoas dispõem de maior tempo para estabelecer relações humanas mais profundas e duradouras.
Ninguém desconhece que o ritmo de trabalho de uma metrópole é intenso. O espírito de concorrência, a busca de se obter uma melhor colocação profissional, enfim, a conquista de novos espaços lança o habitante urbano em meio a um turbilhão de constantes solicitações. Esse ritmo excessivamente intenso torna a vida bastante agitada, ao contrário do que se poderia dizer sobre a vida dos moradores das pequenas cidades.
Além disso, nas áreas campestres há maior quantidade de alimentos saudáveis, com preços mais reduzidos e sem uso do agrotóxico. Em contrapartida, o homem da cidade costuma receber gêneros alimentícios colhidos antes do tempo de maturação, tratados com química necessária, para garantir maior duração durante o período de transporte e comercialização.
Ainda convém lembrar a maneira como as pessoas se relacionam no interior do Brasil. Ela se difere da convivência habitual estabelecida pelos habitantes metropolitanos. Os moradores das grandes cidades, pelos fatores já expostos, de pouco tempo dispõem para interagir em relacionamentos interpessoais mais profundos.
Em virtude de tudo o que foi mencionado, entende-se que o campo propicia uma maior qualidade de vida e tranquilidade para os seus habitantes. Só resta esperar que as dificuldades que afligem os habitantes metropolitanos não venham a se agravar com o passar do tempo.
(Adaptado do livro Técnicas Básicas de Redação, de Branca Granatic)
Tema subjetivo:
O texto Aquilo por que vivi, de Bertrand Russel, revela uma estrutura que o vestibulando poderá usar em sua redação. Leia o texto:
Aquilo por que vivi
Três paixões, simples, mas irresistivelmente fortes, governaram-me a vida: o anseio de amor, a busca do conhecimento e a dolorosa piedade pelo sofrimento da humanidade. Tais paixões, como grandes vendavais, impeliram-me para aqui e acolá, em curso, instável, por sobre o profundo oceano de angústia, chegando às raias do desespero.
Busquei, primeiro, o amor, porque ele produz êxtase – um êxtase tão grande que, não raro, eu sacrificava todo o resto da minha vida por umas poucas horas dessa alegria. Ambicionava-o, ainda, porque o amor nos liberta da solidão – essa solidão terrível através da qual nossa trêmula percepção observa, além dos limites do mundo, esse abismo frio e exânime. Busquei-o, finalmente, porque vi na união do amor, numa miniatura mística, algo que prefigurava a visão que os santos e os poetas imaginavam. Eis o que busquei e, embora isso possa parecer demasiado bom para a vida humana, foi isso que – afinal – encontrei.
Com paixão igual, busquei o conhecimento. Eu queria compreender o coração dos homens. Gostaria de saber por que cintilam as estrelas. E procurei apreender a força pitagórica pela qual o número permanece acima do fluxo dos acontecimentos. Um pouco disto, mas não muito, eu o consegui.
Amor e conhecimento, até ao ponto em que são possíveis, conduzem para o alto, rumo ao céu. Mas a piedade sempre me trazia de volta à terra. Ecos de gritos de dor ecoavam em meu coração. Crianças famintas, vítimas torturadas por opressores, velhos desvalidos a construir um fardo para seus filhos, e todo o mundo de solidão, pobreza e sofrimentos, convertem numa irrisão o que deveria ser a vida humana. Anseio por avaliar o mal, mas não posso, e também sofro.
Eis o que tem sido a minha vida. Tenho-a considerado digna de ser vivida e, de bom grado, tornaria a vivê-la, se me fosse dada tal oportunidade.
(Bertrand Russel, Autobiografia. Rio de Janeiro, Civilização Brasileira, 1967.)
O texto, cujo tema está explícito no título – os motivos fundamentais da vida do autor – apresenta cinco parágrafos.
No primeiro parágrafo, o autor revela as suas “três paixões”:
a) amor;
b) conhecimento;
c) piedade.
Em seguida, dedica três parágrafos para cada uma dessas paixões. O segundo parágrafo fala sobre a busca do amor; terceiro, sobre a procura do conhecimento; e o quarto, sobre a importância do sentimento piedade diante do sofrimento. O quinto e último parágrafo realiza a conclusão do texto.
Eis o esquema:
1º§ - a, b, c;
2º§ - a;
3º§ - b;
4º§ - c;
5º§ - a, b, c.
(in: Novas Palavras, de Emília Amaral e outros, editora FTD-1997)