A EDUCAÇÃO EM BUSCA DE SENTIDO
Redação

A EDUCAÇÃO EM BUSCA DE SENTIDO



Pais reclamam que não têm tempo para os filhos - e nem rédeas. Filhos contrariam com noções equivocadas de modernidade o que seriam bons princípios e moral. Professores recebem a rebarba em salas de aula. Junte-se a tudo isso as facilidades da vida atual e a enorme expansão tecnológica. Resultado: a Escola de alguns anos para cá perdeu absolutamente o sentido de ser o templo sagrado e único do saber.
Dá-se aula ou vira-se confessionário? Senta-se na carteira ou no divã? Ministra-se conteúdo e prepara-se para a vida? Mercado de trabalho e amor ou profissionalismo e sem apego? É colégio ou lar; colegas ou familiares? Giz e cuspe ou pincel para quadro branco e projeções na lousa digital?
Como se não bastassem tais questões, professores entram em campo de batalha armados de conhecimento, leitura e experiência. Pensam que só isso basta para encarar a luta docente: vencer pela competência! Oh, ledo engano.
O mundo dos jovens é tão mais interessante que ele prefere virar para o lado e conversar com o vizinho de fila, e nem está aí para o otário acadêmico. Melhor twittar. Ouvir no Iphone as músicas da moda baixada no 4shared. Jogar playstation. Tudo é mais colorido, mais emocionante, mais condescendente com o que pensa da vida. Tem razão de ser para ele, para sua existência, no contexto em que está imerso.
E quando o professor abre a boca para falar de pterodátilos como Machado de Assis, orações coordenadas ou verbo to be, meu Deus, que destempero! O máximo que o sujeito consegue ir é até As Crônicas de Nárnia, e olhe lá... Sem falar em matrizes, seno e coseno, teoria de Newton, etc. e tal.
Afinal, para que saber que foi herdada a razão e a lógica dos gregos? E Idade Média? E colonização do país há 512 anos? Se no máximo que o aluno pode ir é no google e baixar as imagens e vídeos explicativos no seu smartphone?
A verdade é que a Educação, nos últimos anos, busca um norte, uma bússola, pois não sabe para aonde vai!
Falta uma ligação, um elo, um elemento de coesão, com o que o estudante vive, com o mundo em que ele está conectado, para usar um jargão dos tempos hodiernos. Não se está aqui falando em colocar computadores e datashows em sala. Isso de nada adianta, já foi devidamente provado. A professora que trabalha com um caderninho de tabuada só irá levar ao PowerPoint e dar a mesma aula no slide daquilo que antes era escrito em folha de papel!
E aqui só para os mais íntimos: ficar lá em pé, abrir a boca e falar, falar, falar (coisas geralmente desconexas entre as disciplinas escolares!) não é, tem-se que admitir, uma montanha russa de diversões. A cama, enroladinho no lençol, é, no mínimo, mais gozosa.
Por isso a aparição, vez ou outra, de professores-palhaços ou professores-atores nas escolas da vida. É uma forma de chamar a atenção das criaturas ali em sua frente e, pelo menos, fazê-las prestar atenção ao que se é dito pelos doutos.
Nesses tempos difíceis, em que a educação tateia ao léu, em total escuridão, os profissionais da educação seguem a lida como pregava o bom José Régio do lado de lá do Atlântico: “Não sei por onde vou,/ Não sei para onde vou/ Sei que não vou por aí!”.
Alguém aí sabe para aonde se vai?
Gustavo Atallah Haun - Professor.



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