Redação
A SÍNDROME DO PROFESSOR
A Síndrome do Desgaste Profissional ou Burnout começou a ser estudada no final da década de 1970, por Freudenberg e Maslach, com pessoas que trabalhavam em serviços humanos e cuidados de saúde profissional com características de estresse emocional e interpessoal. O termo Burnout é uma composição de burn = queima e out = exterior, sugerindo assim que a pessoa com esse tipo de estresse se consome fisica e emocionalmente. Burnout também serve para designar em inglês “perda do fogo” ou perda do envolvimento com o trabalho, e é considerado o nível mais alto de estresse, atingindo profissionais que mantêm uma relação constante e direta com outras pessoas, principalmente quando esta atividade é considerada de ajuda (medicina, docência, enfermagem, etc.). O professor, como mostram os estudos sobre o assunto, é o profissional que tem sido apontado como uma das maiores vítimas desse desgaste crônico.
A Síndrome é causada por circunstâncias relativas às atividades profissionais, ocasionando sintomas físicos, comportamentais, afetivos e cognitivos. De acordo com a pesquisadora do Laboratório de Psicologia do Trabalho da UnB, Iône Vasques-Menezes, no caso do professor, a razão para a incidência da síndrome está ligada, sobretudo, à falta de reconhecimento e valorização do educador. “A desvalorização do professor, seja ela por parte do sistema, dos alunos e da própria sociedade, é um dos maiores agentes para a ocorrência do Burnout”, explica.
São três os sintomas principais da doença: exautão emocional (onde a pessoa sente que não pode dar mais nada de si mesma), avaliação negativa de si mesmo (ou sentimentos e atitudes muito negativas, como um certo cinismo na relação com as pessoas do seu trabalho, depressão e insensibilidade com quase tudo e todos, até como defesa emocional) e, finalmente, manifesta sentimentos de falta de realização profissional no trabalho, afetando a eficiência e habilidade para realização de tarefas, além de não se adequar à organização. Além disso, demonstra apatia extrema e desinteresse, causados, geralmente, pela pouca autonomia no desempenho profissional, problemas de relacionamento com as chefias, problemas de relacionamento com colegas ou clientes, conflito entre trabalho e família, sentimento de desqualificação e falta de cooperação da equipe.
Não poderíamos deixar de lado o posicionamento dos que lidam diretamente com o professor, no caso, os alunos. A indisciplina é a grande responsável por uma eventual sensação de frustração e de desmotivação do docente, além da falta de desinteresse dos estudantes, desencandeando sentimentos de culpa e despreparo profissional que podem gerar o Burnout. É normal, por exemplo, os professores sentirem náuseas, gastrite nervosa, dores lombares e na coluna, perda de sono, depressão e ânsia de vômito antes ou depois das aulas, como manifestações físicas da Síndrome. Como se não bastasse no final da vida os catedráticos sofrerem de pressão alta e rouquidão, surge mais esse problema!
Uma vez identificados, entretanto, os sintomas do Burnout, o passo seguinte é tratar e prevenir. No caso do professor, a procura por um profissional estudioso do assunto é também fundamental. Além disso, ele pode transformar a escola em um contexto saudável, desenvolvendo as modificações necessárias no âmbito das relações, das condições e da organização do trabalho; maior interação entre os colegas; valorização pessoal e grupal; controle das situações de conflito; desenvolver redes de apoio social, formando grupos de discussão, oportunizando reflexões entre líderes institucionais e professores, reunindo alunos e pais para apresentação de trabalhos, experiências, chamando os familiares para trocas sobre modelos educativos e forma de lidar com os discentes; estes podem participar de jornadas, criando fóruns permanentes de diálogo e co-responsabilidade educativa; a instituição pode implementar recursos, pessoais e ambientais, que propiciem melhoria na qualidade de vida dos docentes; e, o principal, enfatizar a promoção dos valores humanos no ambiente de trabalho, valores mais orientados para a coletividade, em oposição aos valores mais individualistas.
Gustavo Atallah Haun - Professor. Fontes de pesquisa: sites da UEM, PsiqueWeb e Universia.
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