Nesta sexta-feira, 30 de outubro, prepare a pipoca (doce, de preferência)!
Isadora Becker, capitã do canal Gastronomismo, chega com tudo para o lançamento de Doces de Cinema. E para esquentar a pré-venda exclusiva, que acontece lá na nossa loja virtual, conversamos com a Isa sobre inspirações, trajetória e, claro, muito doce!
BL: De onde vem a paixão pelo cinema?
Isadora: Sou filha única, então, desde criança, os filmes me fizeram companhia. E aprendi muito com eles também! Desde viagens ao fundo do mar com a Pequena Sereia até filmes históricos… Se eu tinha uma dúvida, minha mãe me fazia abrir uma enciclopédia para ler sobre o que havia perguntado. Aos poucos, fui tendo nos filmes novos horizontes, mesmo que sentada no sofá. Da mesma maneira que os livros te transportam para outras realidades, os filmes têm o mesmo poder.
Nos tempos de locadora, eu era assídua em uma, sempre trocando ideias com o dono, que já tinha virado meu amigo. Acho que eu alugava, pelo menos, três filmes por semana. Aos poucos fui conhecendo títulos de diferentes épocas e diferentes lugares. Hoje, não passo uma semana sem!
BL: Tens alguma receita favorita?
Isa: É difícil definir uma receita favorita. Eu gosto de preparar e comer tantas coisas diferentes que não tenho muito como escolher uma que eu mais goste. Mas sempre inovo molhos para massas, por morar sozinha. Aproveito todos os ingredientes que tenho à disposição. Os restinhos de coisas que sobram da gravação me salvam de uma ida ao supermercado pelo menos uma vez por semana!
BL: Como acontece o processo de criação de uma receita de doce? Você assiste ao filme e reproduz até chegar à versão ideal?
Isa: Em geral, os doces que aparecem em filmes já são bem identificáveis (embora tenha demorado bastante para identificar o folhado dinamarquês que aparece em Bonequinha de Luxo). O que faço é buscar as receitas tradicionais, em geral na língua original, e tentar adaptar de uma maneira que seja menos complicada para o público, sem balanças de precisão nem conhecimento de um confeiteiro. Assim, transformo peso em xícaras, testando até obter o resultado mais fiel possível ao que aparece no filme. E, claro, sem esquecer o sabor!
BL: Como escolher os ingredientes certos? E adaptar os que não têm no Brasil?
Isa: Escolhemos sempre receitas que são possíveis de reproduzir aqui no Brasil. Se há um ingrediente essencial que não temos acesso aqui, ou que seja muito difícil de conseguir, optamos por não ensinar. O objetivo é sempre fazer com que os espectadores façam a receita na sua casa, podendo experimentar um doce ou prato que só haviam visto na televisão ou tela de cinema. De vez em quando usamos ingredientes que são mais complicados de achar em cidades pequenas, como fava de baunilha, mas sempre deixamos claro que é possível substituir por essência, mesmo que o sabor não fique exatamente o mesmo. Em vez de desencorajar o espectador, essas sugestões trazem uma curiosidade gastronômica essencial para quem gosta de cozinhar.
BL: Desde quando você quis ser cozinheira?
Isa: Eu cozinho desde criança, porém o desejo de ser uma profissional da área veio só depois de ter cursado a faculdade de Letras por quase dois anos. Não me sentia completa estudando línguas e literatura, queria a possibilidade de criar e aprender a criar. O estalo veio ao me dar conta de que, nessa época, juntava meus amigos todos os finais de semana para cozinhar para eles. Ainda morava com a minha mãe, que tem na cozinha seu grande refúgio depois de um dia intenso de trabalho, então não tinha a oportunidade de cozinhar durante a semana. Então, quando o gato saía, o ratinho (eu) tomava conta. Depois disso, fiz o curso de Cozinheiro Básico do Senac, para provar para ela que era isso mesmo que queria fazer da minha vida. Assim que me formei no Senac e trabalhei por dois meses em uma cozinha, a convenci e entrei na faculdade de Gastronomia da Universidade do Vale do Rio dos Sinos (Unisinos).
BL: Além dos filmes, quais são as suas maiores inspirações?
Isa: Sou uma pessoa bastante sinestésica. Adoro imaginar combinações diferentes de sabores ouvindo música. Meu trabalho de conclusão de cozinha na faculdade foi traduzir minhas 10 músicas de jazz preferidas em 10 serviços. Foi um trabalho intenso, porque quis procurar não só na sonoridade da música, como na história dos autores/cantores inspirações para os pratos. Fiquei muito nervosa expondo essa minha face numa avaliação tão importante, mas tive uma imensa satisfação em passar dias pesquisando ingredientes e combinações para conseguir contar o que sentia ao ouvir essas canções.
Além da música, sou fã de literatura policial e, para a minha felicidade, existem dois autores que combinam muito bem as narrativas de detetives com a comida: o siciliano Andrea Camilleri e o catalão Manuel Vásquez Montalbán. Vindos de lugares extremamente conectados com a magia da alimentação e gastronomia, ambos conseguem trazer páginas que deixam o leitor babando em cima do papel.
BL: Já existiu alguma receita que você recriou, porém não ficou satisfeita e descartou? Qual?
Isa: Um fator importante para um cozinheiro é saber que, embora possa não gostar muito de um ingrediente, os comensais podem ser fãs. Algumas receitas podem ter um sabor que não me agrada pessoalmente, mas como profissional, sei que está feito de maneira correta e que vai agradar ao público. Porém, já experimentei receitas que não tiveram um bom resultado, por proporções erradas ou processos que não deram certo. Com essas, testei e adaptei até obter o que queria. Com a experiência na cozinha, depois de um tempo, esses erros já são bem menos comuns, pois conseguimos detectar algum problema em uma receita antes mesmo de testarmos. Mas como ninguém é de ferro, algumas vezes já esqueci de verificar a validade de um fermento em pó e acabei com um bolo abatumado.
BL: Por que este livro de receitas é diferente?
Isa: Os doces, em geral, têm uma relação bastante íntima com cada um. Em tempos de restrições alimentares, eles se tornaram uma travessura na vida das pessoas. Trazer receitas de doces de filmes faz com que essas travessuras se transformem em uma extravagância no dia a dia, um mimo especial. O bolo de chocolate que seria apenas um doce vira O Bolo de Chocolate da Matilda, que muitos de nós já sonhamos em comer na infância. De alguma forma, essas receitas podem fazer os nossos grandes desejos gastronômicos se tornarem realidade.
BL: Qual é o seu filme favorito e por quê?
Isa: Tenho muitos filmes favoritos. Desde os de infância aos de adulta. Mas para eleger um, vou ter que dizer Mary Poppins. A frase “uma colher de açúcar faz o remédio menos amargo” (tradução livre) me marca tanto que até tatuei uma colher de açúcar. Eu acredito que um pouco de doçura faz com que a vida fique mais gostosa.
"Eu acredito que um pouco de doçura fazcom que a vida fique mais gostosa."
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