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Redação

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ESTEREÓTIPOS DISCENTES

Sou absolutamente contra estereótipos, padrões, modelos. Creio que a vida de um grande homem tem que ser uma busca incessante à quebra deles, inclusive. No entanto, depois de mais de uma década em salas de aula, com a experiência adquirida em escolas particulares e públicas, de diversas cidades, além de cursinhos e oficinas, atrevo-me a refletir sobre os estudantes que encaramos – com total respeito às divergências sempre bem-vindas.
Há os alunos monstros, geniais. Estes não precisam fazer esforço, são naturalmente inteligentes. Parecem espíritos velhos em corpos novos! Estudam mais para relembrar do que para aprender: na escola e uma ou duas horinhas em casa. Namoram, têm tempo para o lazer e a família. Passam em vários vestibulares, para os cursos mais concorridos, nos primeiros lugares, e muitas vezes causam estranheza por serem displicentes e fazerem o que fazem ao invés de se enfiarem 24 horas por dia nos livros. Espécime rara na atualidade, podem ser ou muito extrovertidos ou extremamente introspectos e calados.
Outrossim, há os esforçados. Inteligência mediana, estudam dia e noite para apreender a maior gama de informações possíveis. Tentam, assim, disciplinar-se. Selecionam o que leem para não perder tempo (o que cai no vestibular ou concurso!), abdicam de lazer, namoro, família, atividades físicas, para focar no que querem. Parecem que entendem, mesmo inconscientemente, que não são gênios e que o que sabem vêm através de muita dedicação. São uma boa parte dos estudantes. Quando se tornam adultos, ganham bem, vivem bem, conseguem realizar os seus sonhos, afinal, esforçaram-se para isso!
Também há os que pensam que são inteligentes, ou se acham como tal. Este grupo se divide em dois subgrupos: de um lado, os que até são inteligentes, mas são preguiçosos; de outro, os que pensam que são, e não são. Chamados também de pseudossábios, porque um mínimo do básico de leitura ou sabedoria fez eles se rebelarem, tornarem-se pessimistas, falsos libertários, arrogantes! Muitas vezes decoram cartilhas socioculturais de anti-heróis, escritores marginais, roqueiros etc., e soltam vez ou outra para chocar. Vestem-se e comportam-se contrariando o mundo, querendo de todas as formas romper com tudo. Geralmente essas pessoas não conseguem tirar proveito da inteligência que têm. São críticos contumazes, e abundam em todos os cantos.
Há, por outro lado, os superespecialistas em uma área do saber, mas que são absolutamente fracassados nas demais. Dominam, por exemplo, todas as fórmulas químicas e matemáticas, mas não conseguem compreender uma Oração Intransitiva ou a Guerra do Peloponeso. Na área que conhecem, podem até mesmo substituir o professor, serem monitores da matéria. Embora nerds no que se propõem, contrariam os estudos psicanalíticos e neurolinguísticos, que indicam um equilíbrio para se dar bem na vida. É exatamente o oposto do que fazem essa turma, pois são unilaterais e não aceitam facilmente os outros campos do conhecimento.
Por fim, há o seleto grupo dos que optam pela não inteligência, definitivamente (não se enquadram aqui os que têm deficiências neurológicas e afins, por motivos óbvios!). Os elementos desse grupo têm realmente pouco espírito de busca, de aprendizagem, de sede de conhecer. Alguns, desperdiçam tempo e energia. Vão forçados para a escola. Outros, não têm nenhum traço ou laivo de sensibilidade à sapiência humana. Lentos, distraem-se fácil, indisciplinados, dispersos, não apreendem fatos, situações, dados, estatísticas, leituras. Optaram pela anti-inteligência ou, casos raros, necessitam de educação especial, do contrário, ficarão para trás da turma. Um caso notório destes, que se tornou filme, foi o do americano James Robert Kennedy, apelidado de Rádio (Meu Nome é Rádio, 2006) . Mesmo com dificuldades, ele conseguiu vencer e dar uma lição de vida, mas para isso precisou de uma atenção, de um carinho sui generis, de amor.
O bom disso tudo é que a Educação e a Cultura, as verdadeiras, as maiúsculas, e a Vida têm dado boas mostras de se reverter quadros, tidos como desoladores, em bons futuros, boas pessoas, enfim, bons profissionais. A coisa não é desesperadora como se pinta, visto que o ser humano, quando quer de verdade, sabe mudar seus próprios passos e se redirecionar na rota que o levará fatalmente ao sucesso físico e espiritual!

Gustavo Atallah Haun – Professor.



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