Redação
PONTUAÇÃO
Para que servem os sinais de pontuação?
No geral, para representar pausas na fala, nos casos do ponto, vírgula e ponto e vírgula; ou entonações, nos casos do ponto de exclamação e de interrogação, por exemplo.
Além de pausa na fala e entonação da voz, os sinais de pontuação reproduzem, na escrita, nossas emoções, intenções e anseios.
1. Vírgula (,)
Emprega-se a vírgula nos seguintes casos:
1.1. Para separar orações justapostas sem conectivo:
a) “Preparas uma mesa perante mim na presença dos meus inimigos, unges a minha cabeça com óleo, o meu cálice transborda” (Sl. 23:5).
b) “Combati o bom combate, acabei a carreira, guardei a fé” (2 Tm. 4:7). /
c) “Tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta” (1 Co. 13:7);
1.2. Para separar elementos de uma enumeração:
a) “Mas o fruto do Espírito é: amor, gozo, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fé, mansidão, temperança” (Gl. 5:22).
b) “Porque do interior do coração dos homens saem os maus pensamentos, os adultérios, as prostituições, os homicídios, os furtos, a avareza, as maldades, o engano, a dissolução, a inveja, a blasfêmia, a soberba, a loucura” (Mc. 7:21, 22).
1.3. Para separar elementos explicativos (ou seja, a saber, isto é, por exemplo, além disso, então, aliás etc).
a) “Porque vos tenho preparado para vos apresentar como uma virgem pura a um marido, a saber, a Cristo” (1 Co. 11:2b).
b) “Porque eu sei que em mim, isto é, na minha carne, não habita bem algum” (Rm. 7:18a).
c) “Há, por exemplo, tanta espécie de vozes no mundo” (1 Co. 14:10a).
d) “Nem se deita vinho novo em odres velhos; aliás, rompem-se os odres, e entorna-se o vinho” (Mt. 9:17a);
1.4. As intercalações devem ser colocadas entre vírgulas:
a) “E Estêvão, cheio de fé e de poder, fazia prodígios e grandes sinais entre o povo” (At. 6:8).
b) “Porque nós, os que temos crido, entramos no repouso” (Hb. 4:3a).
c) “Porque Cristo, estando nós ainda fracos, morreu a seu tempo pelos ímpios” (Rm. 5:6);
1.5. Para separar as conjunções adversativas (todavia, contudo, entretanto, mas etc.):
a) “Sabei, contudo, isto: já o reino de Deus é chegado a vós” (Lc. 10:11b).
b) “Eu, porém, vos digo que não resistais ao mal” (Mt. 5:39a).
c) “E sucedeu que, entretanto, os céus se enegreceram com nuvens e vento” (1 Rs. 18:45a).
d) “Se, todavia, estando vestidos, não formos achados nus” (2 Co. 5:3). / “A ciência incha, mas o amor edifica” (1 Co. 8:1b);
1.6. Para separar as conjunções explicativas (pois, portanto, logo etc.):
“Estai, pois, firmes na liberdade com que Cristo nos libertou” (Gl. 5:1a);
1.7. Para separar, nas datas, o nome da localidade: São Paulo, 02 de fevereiro de 2006;
1.8. Para separar, nos endereços, o número da casa do nome da rua (avenida, praça, alameda. Exemplo: Praça da Bíblia, 101;
1.9. Para separar termos paralelos dos provérbios.
a)“Quanto maior a altura, maior a queda”.
b)“Quem ama o feio, bonito lhe parece”.
c)“Olho por olho, dente por dente” (Lv. 24:20);
1.10. Para separar pleonasmos ou palavras repetidas:
a) “Muitos me dirão naquele dia: Senhor, Senhor, não profetizamos nós em teu nome?”
b) “Jerusalém, Jerusalém, que matas os profetas, e apedrejas os que te são enviados!” (Mt. 7:22a; 23:37a).
c) “Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste?” (Sl. 22:1a).
d)“Jesus respondeu: Na verdade, na verdade te digo que aquele que não nascer da água e do Espírito, não pode entrar no reino de Deus” (Jo. 3:5).
1.11. Para separar vocativos (chamamento, invocação):
“Levantai, ó portas, as vossas cabeças; levantai-vos, ó entradas eternas, e entrará o Rei da Glória” (Sl. 24:7)
1.12. Para separar alguns apostos:
a) “Jesus, Filho de Davi, tem misericórdia de mim” (Lc.18:38b).
b) “Paulo, apóstolo de Jesus Cristo, pela vontade de Deus” (1 Co. 1:1a).
c) “Em nome de Jesus Cristo, o Nazareno, levanta-te e anda” (At. 3:6b).
d)“Vós, mulheres, estai sujeitas a vossos próprios maridos, como convém no Senhor. Vós, maridos, amai a vossas mulheres, e não vos irriteis contra elas. Vós, filhos, obedecei em tudo a vossos pais, porque isto é agradável ao Senhor” (Cl. 3:18-20);
1.13. Para assinalar a omissão do verbo ou de palavra (elipse):
a) Uns cursam engenharia; outros, psicologia; e os últimos, direito.
b)Karina gosta de chocolate branco; Gabriela, de preto; Ramon, de
amargo.
1.14. Para isolar expressões de sentido explicativo ou corretivo:
a)“Há, por exemplo, tanta espécie de vozes no mundo, e nenhuma delas é sem significação” (1 Co. 14:10).
b)“Porque eu sei que em mim, isto é, na minha carne, não habita bem algum” (Rm. 7:18a).
1.15. Para separar as orações adjetivas explicativas:
a) “Mas Deus, que consola os abatidos, nos consolou com a vinda de Tito” (2 Co. 7:6).
b)“Lembra-te de que Jesus Cristo, que é da descendência de Davi, ressuscitou dentre os mortos, segundo o meu evangelho” (2 Tm. 2:8).
c)“No dia seguinte João viu a Jesus, que vinha para ele, e disse: Eis o Cordeiro de Deus, que tira o
pecado do mundo” (Jo. 1:29).
d) “Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque eles serão fartos” (Mt. 5:6).
· A vírgula não deve ser usada nos seguintes casos:
1. Entre o sujeito e o verbo, entre o verbo e o seu complemento. Portanto, não se deve escrever: “Os inimigos do povo de Deus, foram todos derrotados”. / “Deus, amou o mundo de tal maneira...” / “Os salvos devem orar, pela salvação dos perdidos”. O correto é escrever: Os inimigos do povo de Deus foram todos derrotados. / Deus amou o mundo de tal maneira... / Os salvos devem orar pela salvação dos perdidos.
2. Como regra geral, não se deve usar vírgula antes da conjunção aditiva e: “E foi também convidado Jesus e os seus discípulos para as bodas” (Jo. 2:2). Porém, quando se quer enfatizar ou realçar idéias conotativas, ou quando este e é repetido de forma enfática, a vírgula pode ser necessária: “No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus” (Jo. 1:1). / “Ainda uma vez, daqui a pouco farei tremer os céus, e a terra, e o mar, e a terra seca” (Ag. 2:5b). / “E desceu a chuva, e correram rios, e assopraram ventos, e combateram aquela casa, e caiu, e foi grande a sua queda” (Mt. 7:27);
2. Ponto final (.)
2.1. É usado ao final de frases para indicar uma pausa total:
a) Não quero dizer nada.
b) Eu amo minha família.
2.2. É usado em abreviaturas:
Sr. / Ilmo. / Ltda. / Av. / adj. / obs. (entre outros).
3. Ponto e vírgula (;)
3.1. É usado para separar itens enumerados:
A Matemática se divide em:
- geometria;
- álgebra;
- trigonometria;
- financeira.
3.2. Para separar um período muito extenso que já se encontra dividido por vírgulas:
a) Ele não disse nada, apenas olhou ao longe, sentou por cima da grama; queria ficar sozinho com seu cão.
b) “Às vezes, também a gente tem o consolo de saber que alguma coisa que se disse por acaso ajudou alguém a se reconciliar consigo mesmo ou com a sua vida; sonhar um pouco, a sentir uma vontade de fazer coisa boa.” (Rubem Braga)
4. Dois-pontos (:)
4.1. É usado quando se vai fazer uma citação ou introduzir uma fala: Ele respondeu: “não, muito obrigado!”
4.2. É usado quando se quer indicar uma enumeração:
a) Quero lhe dizer algumas coisas: não converse com pessoas estranhas, não brigue com seus colegas e não responda à professora.
b) A mulher foi à feira e levou: dinheiro, uma sacola, cartão de crédito, um porta-níquel, e uma luva. Uma luva?
4.3. É usado antes de se apresentar uma citação
a) A respeito de fazer o bem aos outros, Confúcio disse certa vez: “O ver o bem e não fazê-lo é sinal de covardia.”
b) Por toda rigidez acerca dos pensamentos do século XIX, Nietzshie disse: “E falsa seja para nós toda verdade que não tenha sido acompanhada por uma gargalhada”.
4.4. Utilizado quando se quer esclarecer algo
a) Ele conquistou o que tanto desejava: uma vaga no TRT de Brasília.
Abriu mão do que mais gostava: acordar tarde. Mas foi recompensado por isso.
4.5.Usado em cartas, após o vocativo, em lugar da vírgula.
Exemplo: Querida amiga: Estarei na sua casa no próximo mês. Tenho muito que te contar.
5. Aspas (“”)
São usadas para indicar:
5.1. Citação de alguém:
a)“A ordem para fechar a prisão de Guantánamo mostra um início firme. Ainda na edição, os 25 anos do MST e o bloqueio de 2 bilhões de dólares do Oportunity no exterior” (Carta Capital on-line, 30/01/09).
b) Neste sábado, 31/01/09, o ministro do Trabalho disse o seguinte a respeito do aumento no salário mínimo para R$ 460,00: "Esse aumento representa beneficiar mais de 45 milhões de pessoas, entre aposentados e pensionistas".
5.2. Expressões estrangeiras, neologismos, gírias:
a) Nada pode com a propaganda de “outdoor”.
b) Há “trombadinhas” nas cidades grandes “batendo carteira” o tempo todo, mas não há providências.
c) Por favor, antes de sair, faça um “backup”!
d) Ele mora lá nos “cafundó do Judas”!
c) Fernando “amarelou”, quando percebeu que a Bia estava “azarando” seu melhor amigo. Obs.: Dentro de um texto narrativo, na fala de personagens, não se usa aspas para destacar gírias, se estas fazem parte da linguagem do mesmo.
5.3. Para assinalar palavras ou expressões irônicas.
a) Eles se comportaram “super” bem.
b) Sim, porque são uns “anjinhos”.
6. Reticências (...)
6.1. São usadas para indicar supressão de um trecho, interrupção, ou para dar ideia de continuidade ao que se estava falando:
a) (...) Onde está ela, Amor, a nossa casa,
O bem que neste mundo mais invejo?
O brando ninho aonde o nosso beijo
Será mais puro e doce que uma asa? (...)
As aspas indicam que é apenas um fragmento do poema inteiro, que havia algo antes e algo depois.
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b) E então, veio um sentimento de alegria, paz, felicidade...
c) Eu gostei da nova casa, mas do quintal...
6.2. Para indicar hesitações comuns na oralidade:
a) Daí ele pegou...ele pegou...como se diz mesmo...uma boina.
b) Não sei se você vai, mas...mas...não sei...penso que será muito bom!
6.3. Em trechos suprimidos de um texto:
a) (...) não existe texto incoerente em si, mas texto que pode ser incoerente em/para determinada situação comunicativa. (...) (Ingedore Villaça – A coerência textual)
b) (...) Dada a gravidade dos acontecimentos, em um último gesto, Collor reivindicou que a população brasileira saísse às ruas com o rosto pintado de verde e amarelo, em sinal de apoio ao seu governo. Em resposta, vários cidadãos, principalmente estudantes, passaram a sair nas ruas com os rostos pintados. Além do verde amarelo, utilizaram o preto em sinal de repúdio ao governo. Tal movimento ficou conhecido como “Caras Pintadas”. (…) (Rainer Sousa – “O fim do governo Collor”)
6.4. Para transmitir mais emoção e subjetividade para quem lê:
a) (...) 'Stamos em pleno mar... Dois infinitos
Ali se estreitam num abraço insano,
Azuis, dourados, plácidos, sublimes...
Qual dos dous é o céu? qual o oceano?...
'Stamos em pleno mar. . . Abrindo as velas
Ao quente arfar das virações marinhas,
Veleiro brigue corre à flor dos mares,
Como roçam na vaga as andorinhas... (...)
(Navio Negreiro – Castro Alves)
7. Parênteses ( )
São usados para:
7.1. Explicar melhor algo que foi dito, ou para fazer simples indicações.
a) Ele comeu, e almoçou, e dormiu, e depois saiu. (o e aparece repetido para dar ênfase à seqüência de acontecimentos. Por este motivo, há o predomínio de vírgulas).
b) João (aquele que fez aniversário nesta semana) perguntou sobre você hoje!
b) Eu, você e ele contaremos as boas novas. (pronomes)
7.2. Indicar informações bibliográficas, como: o autor, o nome da obra, o ano de publicação, a cidade, a página, etc.:
a) O texto será incoerente se seu produtor não souber adequá-lo à situação, levando em conta intenção comunicativa, objetivos, destinatário, regras socioculturais, outros elementos da situação, uso dos recursos lingüísticos, etc. Caso contrário, será coerente. (Ingedore G. Vilhaça Koch e Luiz Carlos Travaglia. A coerência textual. São Paulo: Contexto, 1993. p. 50.)
7.3. Os parênteses podem surgir, ainda, nas peças teatrais, quando o autor quer explicitar a ação tomada pela personagem.
João – Onde você estava?
Maria – Na padaria. Fui comprar um sonho para você.
João – Hum...que delícia...mas meu maior sonho eu já tenho: você!
(Saem abraçados pela direita)
8. Ponto de exclamação (!)
Exclamar é o ato de pronunciar em voz alta; bradar, clamar; gritar. Se levarmos em consideração o significado de exclamar, saberemos quando utilizar o ponto de exclamação. Então, de acordo com a significação acima, é fácil identificar o uso do ponto de exclamação: está nas frases que exprimem surpresa, felicidade, indignação, admiração, susto. E, portanto, está:
8.1. Nas frases exclamativas:
a) Isso é muito interessante!
b) Não podemos continuar assim!
8.2. Após imperativos:
a) Deixe-me!
b) Vá embora!
8.3. Depois das interjeições:
Ah! Ufa! Uau! Nossa! Beleza!
8.4. Após locuções interjetivas:
Minha nossa! Que bom! Que pena! Sei demais!
9. Ponto de interrogação (?)
9.1. Assim como o ponto de exclamação, o de interrogação também se caracteriza pelo nome. Afinal, o que é interrogar? É o ato de perguntar, questionar. Logo, sempre quando há uma indagação, um questionamento, há um ponto de interrogação.
Observe:
a) Você não quer jantar?
b) Por que o país não enxerga os miseráveis?
c) Não vou não, por quê?
9.2. Pode ainda ser usado junto com o ponto de exclamação para indicar um questionamento unido à admiração ou surpresa:
a) Eu?! Tem certeza?
b) - Quem vai ao supermercado para a mamãe?
- Eu vou!
- Você, Maria?! Muito bom!
10. Travessão (-)
. Usamos o travessão nos seguintes casos:
10.1. Para iniciar a fala de uma personagem:
A menina enfim disse:
- Não vamos nos preocupar com o porvir porque vamos dar nosso melhor hoje!
10.2. Indicar mudança de interlocutor em um diálogo:
- Vou fazer exercícios e preocupar mais com minha saúde.
- Farei o mesmo.
10.3. Para enfatizar alguma palavra ou expressão em um texto ou em substituição
à vírgula:
a) O grupo teatral – super elogiado pela imprensa – estava deixando o hotel esta manhã.
b) Luiz Inácio - presidente da república – não pode se candidatar para uma nova eleição!
Referências:
SOUZA, Diego Lucas Nunes de. Pontuação. Apostila de Redação e estudos linguísticos - Módulo II. Cataguases, 2011, p. 9 - 15.
SINAIS de Pontuação. Brasil Escola. Disponível em: . Acesso em: 04 dez 2015.
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