Redação
EDUCAÇÃO É A SAÍDA?
Nunca me decepcionei com a Educação. Eu me decepciono é com o que está no entorno, digamos assim, da coisa. São doze anos de magistério, que vivo em busca do melhor de mim e da formação daqueles que oriento.
Se me perguntarem se é ruim trabalhar com o ensino, direi sempre que não, não é mal. É um trabalho de muita honra, responsabilidade e, desde que seja competente, tem razoável oferta no mercado.
Agora, um dos percalços que se encontra no meio é os de quem comandam a educação no Brasil, e os que estão próximos destes. Essa é uma real derrocada do setor.
Enquanto os sindicatos dos bancários, só para exemplificar, marcam em cima os gerentes, diretores e subdiretores que assediam moralmente seus subalternos, isso é uma praxe cotidiana no ambiente escolar e, o pior, ninguém faz nada, nem sindicato de instituições educacionais particulares nós temos na região.
De cima para baixo, o pau quebra. O professor, culpado de todas as mazelas, é destratado e desrespeitado pelos alunos, pelos coordenadores, pelos diretores e pelos pais. Então, é fácil perceber que está difícil quebrar a cadeia viciosa: ou se adéqua ou se cria uma big revolução! Como ninguém hoje em dia tem o ímpeto e a força de um Guevara, ou se frustra ou vai-se empurrando com a barriga!
O mais difícil é aceitar entrar no sistema ganhando miséria. Se pelo menos valesse a pena financeiramente, poder-se-ia aguentar um mau humor aqui, uma indisciplina ali, um esporro acolá, uma sala com sessenta alunos, uma falsa amizade lá adiante e por aí vai.
Mas a vida do docente, se não for concursado e sobreviver de escolas particulares, é a de engolir sapo(s)! E a pressão alta, o stress, a rouquidão, a exploração, a correria por prazos e o assédio moral, como já foi dito, é o comum nos corredores dos colégios ditos nobres.
A docência é a única profissão em que, faltando a aula, mesmo com atestado médico, o infeliz é obrigado a repor a aula perdida. O sujeito pode ter estado no leito de morte, não importa, é obrigado. E quando chega ao trabalho, no outro dia, moribundo ainda, todos o olham com cara fechada, como se o elemento fosse um criminoso. Sequer telefonam para perguntar se o desgraçado já desencarnou ou se ainda está entre os vivos!
Não, jamais foi a educação o problema do nosso país, muito menos a cultura. Elas são, na verdade, as molas impulsionadoras da vitória íntima, ou familiar, ou coletiva, isso sim. A desgraça cotidiana são os mal educados, a puxação de saco, os incultos, a “filadaputagem” dos vaidosos que estão por trás das mesas administrativas estudantis, de olho no lucro, nos tapinhas das costas dos patrões e subservientes aos genitores que deixam os filhos ao léu porque endinheirados, descomprometidos ou despreparados.
A educação e a cultura são os únicos meios de evolução de um povo, instrumentos de se chegar à verdade que liberta, formar consciências despertas e promover viagens cognitivas sem sair do lugar, além de preparar para o mercado de trabalho, é claro. Porém, o preço que se paga para isso é alto, quer dizer, o preço pago do lado fraco da corda, porque do lado negro da força...
Gustavo Atallah Haun – Professor, formado em Letras na UESC. Editor de obloderedacao.blogspot.com.br. Escreve para jornais e sites da região sul da Bahia. É maçom, da Loja Acácia Grapiúna.
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